A Cooperativa Central Aurora Alimentos (Aurora Coop) informou, nesta segunda-feira, 26, uma receita bruta de R$ 21,7 bilhões no ano passado, o que representa uma queda de 1,4% em relação às vendas em 2022, que chegaram a R$ 22 bilhões. A central teve um prejuízo de R$ 137,9 milhões em 2023, que foi absorvido pelo fundo de reservas. Em 2022, a operação totalizou R$ 649 milhões em sobras, equivalentes ao lucro nas cooperativas.
Praticamente dois terços da receita da central vieram do mercado interno: R$ 14,6 bilhões. As exportações para 80 países renderam R$ 7,5 bilhões. Em volume, as vendas no país representaram 63,7%, totalizando cerca de 1 milhão de toneladas. Os embarques foram de 678,5 mil toneladas.
Em relatório, a Aurora Coop destacou, apesar do resultado negativo, os avanços no mercado externo. “Há uma década atrás, em 2013, as exportações representavam 18,6% da receita operacional bruta e contribuíam com R$ 1,055 bilhão no caixa da empresa”, destaca. (Por José Florentino — São Paulo Globo Rural)
Números por negócios
A Cooperativa Central Aurora Alimentos, de Chapecó, é a terceira maior empresa de alimentos do Brasil. A Aurora firmou-se em 2022 como a maior exportadora de carne suína do País: respondeu por 25,5% das exportações brasileiras do produto. No segmento de aves a participação foi de 7,2% das exportações.
O abate total de suínos nas sete plantas industriais cresceu 6,4% no ano passado e atingiu 7,1 milhões de cabeças. A industrialização de carnes suínas subiu 5,2% e atingiu 404 mil toneladas; a produção in natura aumentou 10% e atingiu 686 mil toneladas. A cadeia produtiva da Aurora tem, na base, 3.642 suinocultores integrados em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul.
No segmento da avicultura de corte, a Aurora abateu em suas nove plantas 288,5 milhões de cabeças em 2022, um incremento de 3% em relação ao volume total das aves abatidas em 2021. Uma rede de 2.286 avicultores integrados constituem a base produtiva nos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. A produção in natura de carnes de aves foi ampliada em 10,2% para 645 mil toneladas. A industrialização avançou 7,6% para 58,4 mil toneladas.
A Aurora recebeu 507,5 milhões de litros de leite para processamento industrial em 2022, volume 8% abaixo do ano anterior. Essa matéria-prima permitiu, entre outros aproveitamentos, a produção 216,6 mil toneladas de industrializados (aumento de 2,3%) em oito linhas: bebida láctea, leite UHT, leite em pó, soro em pó, creme de leite, queijo em barra, queijo fatiado e requeijão.
A linha de industrializados de massas – formada por lasanhas, pizzas, pão de queijo, sanduíches e prato pronto – evoluiu 33,2% para 11,4 mil toneladas.
O presidente da Aurora, Neivor Canton, disse na nota que vários aspectos concorreram para o bom desempenho das exportações. Entre eles, citou: a abertura do mercado canadense para a carne suína brasileira (Aurora foi a primeira empresa brasileira a embarcar para aquele país); consolidação do mercado suíno no Japão; retorno da habilitação da unidade de frango de Xaxim para a China; abertura do mercado do México para suíno; primeira exportação de processados para o Paraguai; primeiro contêiner de cortes suínos para a Índia e a retomada das exportações de cortes suínos para a Coreia do Sul.
A Aurora ponderou, no entanto, que o aumento dos custos de produção, em grande parte decorrentes das dificuldades causadas pela inter-relação das crises ambiental, econômica e política, agravadas pela guerra Rússia-Ucrânia, perturbaram as cadeias internacionais de suprimento, afetando diretamente o Brasil. Os reflexos foram sentidos na escassez de contêineres, de navios, de milho e farelo de soja (matéria-prima básica da nutrição animal), além de insumos para a agricultura, aditivos, vitaminas, enzimas, aminoácidos etc. O conflito desorganizou a economia global, causou crise energética na Europa e contribuiu para o avanço da inflação nos Estados Unidos, China, Reino Unido e Zona do Euro.
Nessa conjuntura foi inevitável, conforme o presidente, que fatores relevantes causassem impacto no desempenho das áreas essenciais, como a agropecuária (menor disponibilidade de pintainhos no mercado), logística (reajustes nos custos de fretes causados pela elevação no preço dos combustíveis, especialmente o diesel), industrial (menor captação de leite, escassez de mão de obra e baixa demanda comercial para itens industrializados), administrativa (aumento significativo na taxa de juros praticados pelo mercado) e área comercial (demanda reprimida por itens de valor agregado).
Projeções 2023
O presidente da Aurora acredita que 2023 será outro ano de desafios em consequência de menor crescimento da China, de possível recessão na Europa e na América do Norte e dos custos “persistentemente elevados” dos principais insumos – especialmente milho e soja. Assegurou, entretanto, que serão mantidos os níveis de produção para preservar os empregos, manter a sustentabilidade das amplas cadeias produtivas (suinocultura, avicultura e bovinocultura leiteira), contribuir com a segurança alimentar do País e gerar superávits na balança comercial.
A Cooperativa dará prosseguimento ao plano de investimentos que já vem sendo implementado há três anos. A maior fatia do programa de investimentos – prevista em R$ 1,082 bilhão para 2023 – está orientada para o aumento da capacidade produtiva, seguido do atendimento de exigências legais, a manutenção da capacidade e inovação, além de melhorias e aperfeiçoamentos nas áreas de qualidade, segurança e saúde do trabalho.
Fonte: O Estadão