SC tem quase mil pessoas à espera de doação de órgãos, conforme o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), do Ministério da Saúde. Em 2024, já foram feitos 154 procedimentos, colocando o Estado em oitavo lugar no ranking brasileiro.
A SC Transplantes, que coordena as atividades de transplantes de órgãos no Estado, atua na capacitação de profissionais que estão em contato direto com as famílias, para que, com acolhimento correto, abordem a doação de órgãos.
Joel de Andrade, coordenador da SC Transplantes, afirma que, em 2007, a taxa de não-autorização familiar era de 70%, ou seja, 7 em cada 10 famílias diziam não para a doação de órgãos. Recentemente, essa taxa tem sido de 30%.
“Esse trabalho é e permanece sendo um grande desafio“ afirma. Ele explica que a meta é chegar ao nível da Espanha, país campeão no mundo em doação de órgãos. No país europeu, a taxa de não-aceitação é de cerca de 15%.
Santa Catarina usa o modelo espanhol há cerca de 20 anos, trabalhando na criação das coordenações hospitalares de transplantes em praticamente todos os hospitais do Estado. Atualmente, são 69 hospitais doadores em Santa Catarina.
SC Transplantes reconhecida internacionalmente
O trabalho da SC Transplantes foi reconhecido em uma das principais revistas de Medicina Intensiva da Europa, a Intensive Care Medicine. O artigo, assinado pelo coordenador da central, Joel de Andrade, em parceria com Glauco Westphal, Beatriz Dominguez-Gil e Elisabeth Coll, profissionais da Organização Nacional de Transplantes da Espanha, foi publicado em maio.
“O reconhecimento desse trabalho ajuda para que a gente possa difundir um modelo que deu certo em Santa Catarina e que pode dar certo em outros países” considera Joel.
Como funciona a doação e a lista de espera
A lista de espera é estadual, em Santa Catarina, regulada pela SC Transplantes. Os critérios para receber um órgão doado são técnicos, conforme explica Joel de Andrade, e dependem do tipo de tecido e órgão a ser transplantado.
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Para transplantes de coração, por exemplo, o peso do doador tem influência, assim como o tipo sanguíneo. Já no caso do fígado, é feito uma equação matemática que considera a gravidade da doença hepática do receptor.
Já no caso de um transplante de rim, o critério é um sorteio genético: o doador é tipificado geneticamente e é feita uma busca de pessoas na fila de espera que são mais semelhantes geneticamente ao doador. A doação de córnea é a única feita em ordem cronológica, a não ser em algum caso de urgência.
Quem são as pessoas na lista de espera em SC
Segundo dados do SNT, a lista de espera em Santa Catarina é a décima maior do Brasil. São 546 homens, e 453 mulheres à espera de um órgão. A maior parte delas (889) espera por um rim. Já 70 pessoas aguardam transplante de fígado, e 37 aguardam o transplante simultâneo de pâncreas e rim. Duas pessoas aguardam um pâncreas, e uma está na espera por um coração.
Em todo o país, a lista de espera tem 43.266 pessoas, 39.954 delas aguardando por um rim.
A lista de espera para um transporte de córnea é distinta, e tem 393 pessoas no aguardo em Santa Catarina, colocando o Estado na 16ª posição no Brasil. Em todo o país, são 28.527 pessoas na listagem.
SC já fez 154 transplantes em 2024
Até quinta-feira (23), Santa Catarina tinha feito 154 transplantes de órgãos em 2024. Destes, 108 doações foram para homens e 46 para mulheres. O transplante de rim foi o procedimento mais feito, com 98. Além disso, foram 49 de fígado, quatro de coração e três pâncreas-rim.
Já em relação aos transplantes de córnea realizados, Santa Catarina está em sétimo lugar, com 237 procedimentos feitos este ano. Foram 117 em homens e 120 em mulheres. No Brasil, foram 6.171 procedimentos feitos.
Fonte: NSC