O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) instaurou uma notícia de fato para investigar o caso da idosa encontrada viva após ter sido declarada morta, no Hospital Regional de São José, na Grande Florianópolis. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que uma sindicância foi aberta para apurar a situação.
A apuração deve ser conduzida pela 11ª Promotoria de Justiça da Comarca de São José. As primeiras medidas foram determinar a expedição de ofícios ao Hospital Regional, solicitando esclarecimentos e que informe em detalhes os procedimentos adotados para atendimento à paciente. A SES também deve informar sobre as providências que foram ou estão sendo adotadas para apuração dos fatos, identificação dos profissionais responsáveis pelo acompanhamento do caso e a respectiva responsabilização dos eventuais envolvidos.
A SES informou que ainda não recebeu os ofícios, mas que, assim que receber, deve responder dentro do prazo legal.
A Delegacia de Proteção a Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCami) de São José também foi informada e deve investigar a possível ocorrência de crime contra a vida e a remessa de cópia integral do procedimento à junta das promotorias de Justiça da Comarca de São José com atribuição criminal.
O objetivo da Notícia de Fato é apurar possíveis inadequações na prestação de serviços de saúde, por parte do hospital.
Idosa foi declarada morta, mas foi encontrada viva
O caso ganhou repercussão após ser compartilhado nas redes sociais do deputado estadual Sérgio Guimarães (União Brasil). De acordo com Jéssica Martins Silvi Pereira, amiga da família, na sexta-feira (24) a idosa, identificada como Norma Silveira da Silva, deu entrada no hospital após ser encontrada desacordada em casa.
Na unidade, ela foi encaminhada à sala de reanimação pela equipe médica, sem acompanhante. Por volta das 22h, um dos médicos conversou com o filho da vítima e relatou que o quadro de saúde era grave e ela não teria muitas horas de vida.
Já no sábado (25), por volta das 23h40, os médicos informaram à família que a idosa havia falecido. Este, inclusive, é o horário que consta no primeiro atestado de óbito ao qual a reportagem teve acesso. A causa da morte foi infecção urinária.
Primeiro atestado de óbito (Foto: Arquivo pessoal)
— Nós chegamos lá e o médico explicou que ela tinha vindo a óbito. Eu ainda perguntei quanto fazia, e ele disse que o corpo tinha sido enviado há cerca de trinta minutos para o necrotério. Até estranhei, porque nunca vi ninguém morrer tão rápido e já ir para aquele local — relembra Jéssica.
Após assinar toda a papelada para encaminhar os procedimentos para o velório, a amiga conta que um funcionário responsável pelo crematório onde seria a cerimônia de despedida da idosa, foi até a unidade para recolher o corpo durante a madrugada. Foi nesse momento que ocorreu a surpresa.
— Ela estava dentro daquele saco preto. Quando chegou, ele achou estranho porque o saco estava quente. Pelo horário que ela faleceu, já tinha que ter dado tempo para o corpo esfriar. Nisso, ele pegou o saco e a mão dela caiu, o que também não poderia ter acontecido, já que ele tinha que estar rígido, não poderia estar mole. Aí ele abriu o saco e viu que ela estava respirando bem fraquinho. Como ela não estava consciente, não conseguia pedir ajuda — explica.
Segundo atestado de óbito da idosa (Foto: Arquivo pessoal)
O corpo de Norma foi cremado na segunda-feira. A família, agora, pretende entrar com um processo contra o hospital devido à situação.
— O que eles fizeram foi desumano. Nem eu sei como ela resistiu nesse tempo todo — finaliza.
Em nota, a direção do Hospital Regional informou que a paciente estava em tratamento paliativo na unidade e que um processo de sindicância foi aberto para apurar a responsabilidade do fato, além de ter sido notificado ao Comitê de Ética Médica e à Comissão de óbito.
Fonte: NSC Total